segunda-feira

Poesia

Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais
E o vago medo angustioso domina,
- Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
- Estranha sombra em movimentos vãos.


Camilo Pessanha em "Clepsidra"

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